ESTAR
Estou.
Simplesmente,
estou.
Sim?
Não acredito!
Em realidade,
passo
e passo
e volto a passar.
No entanto,
agarro-me.
Sou a angústia do agarrar,
porque se sente cair no abismo
no abismo que não é Nada,
e onde,
portanto, até agarrar-me é uma ilusão,
um supremo Auto-engano.
Mas,
agarro-me.
Porém,
também a ilusão faz parte da Realidade,
somente
uma maneira diferente de encará-la,
de focá-la.
Mal-vivemos na ilusão do Agarrar-se,
dos apegos,
dos aferramentos,
procurando,
algures,
o Permanente.
Mas o Permanente
não mora em Nenhuma-Parte.
É o mistério
do Permanente Passar,
No silêncio transcendental,
intuído,
no vazio da plenitude.
Passar,
Passar,
sem procurar
o que já estar.
Sem me agarrar.
E,
por isso,
simplesmente,
aqui estou,
mais além de mim próprio,
porque,
em realidade,
eu
também
não
existo.
RUI MANUEL GRÁCIO DAS NEVES
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