quarta-feira, 26 de julho de 2017

POETAS HOLOSISTAS QUE NOS INSPIRAM (RUI MANUEL GRÁCIO DAS NEVES)


ESTAR

Estou.

Simplesmente,
estou.

Sim?
Não acredito!

Em realidade, 
passo
e passo
e volto a passar.
No entanto,
agarro-me.

Sou a angústia do agarrar, 
porque se sente cair no abismo
no abismo que não é Nada,
e onde, 
portanto, até agarrar-me é uma ilusão,
um supremo Auto-engano.
Mas, 
agarro-me.

Porém,
também a ilusão faz parte da Realidade, 
somente
uma maneira diferente de encará-la,
de focá-la.

Mal-vivemos na ilusão do Agarrar-se, 
dos apegos, 
dos aferramentos,
procurando, 
algures,
o Permanente.
Mas o Permanente
não mora em Nenhuma-Parte.

É o mistério 
do Permanente Passar, 
No silêncio transcendental,
intuído,
no vazio da plenitude.

Passar,
Passar,
sem procurar
o que já estar.
Sem me agarrar.

E, 
por isso,
simplesmente,
aqui estou,
mais além de mim próprio,
porque, 
em realidade,
eu 
também 
não 
existo.

RUI MANUEL GRÁCIO DAS NEVES

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