quinta-feira, 11 de fevereiro de 2021

POEMAS E TEXTOS HOLOSISTAS QUE NOS INSPIRAM: "NAVEGADOR COM CORAGEM" DE EDMUNDO SILVA (2021)

 


NAVEGADOR COM CORAGEM 

Espírito este sem margem para impunidades
desenhado de leituras periféricas e lúcidas
como se a mudança fosse um êxtase perspicaz
ciente de Argos e Náutilus na alma clara.

É nesta logopéia que se furta a insanidades
a delírios patológicos como se a autoficção 
desses seus sonhos compulsivos de ilhas
fosse a bússola para todos os seus poemas incompletos.

Inconfidências à narração como chão que desenha 
esses mapas de arco-íris desconhecidos e latos
que em noites de livros sonhados e sentidos
se estendem na recordação de um ensaio linguístico.

Desse carcereiro meridional chamado infinito
o oásis  dos pensamentos atravessa-se sem pudor
como quem procura nas letras o leito simples
das vitórias acalentadas pelo silêncio de um guerreiro.

É assim que o verso se empresta como arma 
dessas fintas e filosofias solitárias que a viagem acende
para se desenhar labirinto das efémeras emoções
e fazer da navegação a coragem para ser de si eco. 

Edmundo Ribeiro da Silva

Janeiro 2021

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2021

POEMAS E TEXTOS HOLOSISTAS QUE NOS INSPIRAM: "O SENTIDO DA PRIVAÇÃO" DE TIAGO MOITA (2020)

 


O SENTIDO DA PRIVAÇÃO

Só na solidão é que o homem entende o sentido da privação dos vícios e contempla a plenitude da sua transcendência. Perdi a conta do número de vezes que me deixei encantar e sentir humano, cada vez que mergulhava nas profundezas de mim mesmo. Cada ser é o reflexo de um sonho. Mergulha naquele que espelha o teu. Saber quem nós somos é uma aliança entre nós e o universo. O que pensamos e sentimos são códigos akáshicos e pincéis sinestésicos que desenham a nossa real.idade. Transparecer toda esta clarividência é regressar do exílio de nós mesmos.   

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2021

POEMAS E TEXTOS HOLOSISTAS QUE NOS INSPIRAM: "OS DIALÉTICOS DO MEDO" DE EDMUNDO SILVA (2021)

 


OS DIALÉTICOS DO MEDO

Esta é a franja heterogénea dos descontentes
cujas metáforas são sonos virulentos e de salsugem
como o Al Berto sonhava nas suas ruas de luas e sonhos
febres escalonadas ao gosto da iludida filosofia
qual bramante silêncio de um leito flagrante de insatisfeitos.

Doses homeopáticas de medo reclamam-se para o mundo
empaturrando o desconhecido com versos de sombra invisível
como todos os suicidas quando falam da impossibilidade do poema
e nas cinzas escrevem as epopeias ao íntimo sonho declaradas
como se fossem dormentes mistérios que a terra em lava
desfolhasse.

É a dialética da sensibilidade ao medo como signo de intimidade
a elegia do arrepio compactado em semióticas reveladas
como uma compensação ao delírio das palavras sentidas
nesse horizonte de loucos livros que ensina o sonho 
a sonhar as rebeliões do poema quando arma de revelação. 

A insalubre pretensão deste verbo é um estado ébrio de ilusões 
cujos códigos se confundem com a sonolência dos incautos arautos
que resignados falam do incerto como a patologia do estranho 
esse leito onde os ínfimos trejeitos da penúria mental 
se engalanam quais suspiros de uma filosofia mendicante.

Este é o impacto distópico dos aluados cujo horizonte é vedado 
como uma insónia colectiva que à poesia intriga indolente
cunhada tão longe das loucuras intransigentes destes ébrios 
inconscientes que da vontade da consciência brilha serena 
a liberdade de se escolher a coragem de os não seguir. 

EDMUNDO RIBEIRO DA SILVA

Janeiro 2021