NAVEGADOR COM CORAGEM
Espírito este sem margem para impunidades
desenhado de leituras periféricas e lúcidas
como se a mudança fosse um êxtase perspicaz
ciente de Argos e Náutilus na alma clara.
É nesta logopéia que se furta a insanidades
a delírios patológicos como se a autoficção
desses seus sonhos compulsivos de ilhas
fosse a bússola para todos os seus poemas incompletos.
Inconfidências à narração como chão que desenha
esses mapas de arco-íris desconhecidos e latos
que em noites de livros sonhados e sentidos
se estendem na recordação de um ensaio linguístico.
Desse carcereiro meridional chamado infinito
o oásis dos pensamentos atravessa-se sem pudor
como quem procura nas letras o leito simples
das vitórias acalentadas pelo silêncio de um guerreiro.
É assim que o verso se empresta como arma
dessas fintas e filosofias solitárias que a viagem acende
para se desenhar labirinto das efémeras emoções
e fazer da navegação a coragem para ser de si eco.
Edmundo Ribeiro da Silva
Janeiro 2021