quarta-feira, 5 de julho de 2017


Um sonho que tive...


Lusa Luz – 7/7/2016

O sonho somos nós, imersos na água…

Num mar de desejos minha alma afogava.

Oculto sol transpareceu e, de súbito, o mar de desejos foi-se desvanecendo como uma névoa.

Fiquei só acompanhado com o universo olhando a terra ardente.

De repente, dentro do silêncio, deixo de estar solitário na saudade...

Meu barco encalhou junto à praia lá pelas ondas do mar.

Nas areias quentes daquele dia vi muita gente.

E exatamente à minha frente, o tempo parou.

Sinto-me num agora quieto, cheio de mudez e de espanto.

Do meu olhar em frente, para o universo imenso, uma torre de súbito subiu.

Era feita de luza glória, era o que Henrique construiu, cavaleiro puro da ancestral glória.

Por Santiago naquela doce alvorada subiu a torre em rósea escada.

Olhamos daqui o outro tempo no outro mundo junto à escada que subia um cubo de pedra rumo ao sol.

E tudo se abriu numa manhã gloriosa nesse dia, por entre as névoas na rosa espiralada que era a torre que subia.

Além, agora e aqui de corpo dormido, meu sonho vai num voo transido que me ofusca a alma ao lume.

Pela doce serenidade, equilibrando os meus passos num fio de fumo, alcanço agora a outra cidade, a sua brisa profunda esfria-me a cara de espanto e sorriso, não escuto vivalma, todo o redor se foi a sonhar em faróis quedos na praia da noite escura.

O que somos, Henrique rei, é arremedos de cavaleiros debaixo de uma outra lei.

O que somos, Henrique navegador, é ser para ir, além do mar e dos sonhos, pobres cavaleiros da luz na ilha do amor.

Acordei e Portugal era o outro lado do sol…
Falava-se entre amigos.



Marco Oliveira
Braga, 4/7/2017


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