A DÁDIVA DO PERDÃO DA DÚVIDA; O FIM DA DÍVIDA
Escrevo. Acendo a água da memória com archotes de azeite. Não "imolo" o coração à palavra; isso é para os poetas.- Caminho, poesiva, criança que tropeçou no obituário da justiça, estrela de cinco pontas entortadas pela inércia da magia. Marcho a história do corpo ampulheta, que se quer livre da areia. Poderia até deslizar sobre cadeiras de rodas desdentadas, que marcharia. Da morte nunca houve medo: visagem de um átimo; só das dores dos condutos vazios: eis o luto. O luto - sempre longo - pelo penar dos aflitos que a alma transporta no transtempo; das idiodoenças que lhes diminuíram a lava. Escrevivo-a. Escreverdo-a. Excransmuto-a na aldeia da simdade terramoto. Na aldeia das frieiras é urgente qualidade de vida com sustenta-habilidade; o regresso ao lume contador de histórias, sem CO2 ou Carbono 14. Porque tudo é memória; até amnésia: suzamnésia. Até o não poema; a não exaltação da palavra; inclusive os fósforos. Palavras são fósforos. Vamo-nos num fósforo. Somos uma caixa de fósforos. Às vezes acendo-os de uma vez só e pronuncio-me em segredo. Também as borboletas são lume e deixam rasto. Agora sou duas tochas à entrada da biblioteca do meu quarto. Agora sou a biblioteca a arder como asas de monarca
: ser poesia
Suzamna Hezequiel
"Pudorgrafia"
Texto Sentido
2015
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